Caminhar para lembrar de um tempo sem horas nem compromissos!

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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Vó Afonsina decide que é hora de grandes mudanças!


Minha Vófonsina toma decisões importantes, é chegada a  hora de grandes mudanças, decide que vai vender a casa da esquina, construir uma casa nova e vender a  serra .A nova casa fica pronta, a casa da esquina é vendida e demolida dando lugar a essa construção de 2 andares, o Dione que comprou a casa da esquina propõe comprar também a casa nova com usufruto da vó ( significa que a casa somente seria entregue quando minha avó resolvesse deixar esse mundo como o vô Xavier já havia decidido) e a serra foi vendida para o Zé Ulisses que era o marido da Tia Maria.

Anos 60 começo de uma nova década, creio eu que em 1961 minha mãe que não aquentava mais morar na roça, gravida da Maria do Carmo, que tempos depois viria a se chamar Lia Maria se muda para a cidade e vamos morar na casa nova da Vófonsina. Casa boa, um quarto para minha vó, outro quarto para o Pai e a mãe e outro para os meninos que no caso era o Gilberto mas eu.

Ainda tinha um quarto para as visitas, dois banheiros, cozinha grande com fogão a lenha e rede pendurada, quinta, barracão, chiqueiro coisa de primeiro mundo, para nós era um palácio.

A festa de casamento da Tia Alicinha foi nesta casa, ainda guardo na lembrança o gosto dos doces e salgados, o encontro dos tios e tias, da primaida e de como todos aprovavam e gostavam do noivo, o Tonho Raposo.

Nessa casa a nossa família aumentou, apareceu primeiro a Maria do Carmo, depois a Marcia Maria e por fim o Marcio.

Vófonsina reúne a filharada e exige que uma vez por ano ela faz questão de reunir todos os filhos, filhas e netos para um almoço e que estamos decididos.

Os filhos Antônio, Zezinho, Paulo e Francisco e as filhas Maria, Zilá, Laurinda, Geni, Neném e Alicinha prontamente concordam e fazem questão de se reunirem sempre que possível e isso era uma festança. Me alembro como eles se divertiam nessas reuniões.

Morar na cidade na casa da vófonsina era bom demais, casa cheia, tios, tias e a primarada o que faltava lá na serra sobrava aqui na cidade, tinha então uma vida com muita diversão, fui nomeado pela vófonsina de guardião da lenha, ou seja, quando chegava uma carroçada de lenha eu era o responsável pelo guardamento e administração do consumo, também era o colhedor de chuchu oficial e podia ajudar a servir a comida para o porco.

Acho que não sei por que gostava de chutar as canelas da Neiva e da Vilma, acredito que sim porque elas não iriam faltar com a verdade num fato tão relevante mais quero deixar claro aqui que são duas primas que moram no meu coração as quais amo e admiro e nesse caso quero que elas me perdoem por essa falta de respeito. Nessa época o progresso estava batendo as portas da cidade, logo teríamos luz elétrica, a Cemig já estava cavando os buracos para futura plantação dos postes, era bom correr por cima daqueles murunduns de terra e já se falava que logo depois iriam chegar uns tais de paralelepípedos e que carro de boi um absurdo, não irá poder trafegar mais pelas ruas.

Brincadeira boa era andar pelos trilhos até a chácara dos brandões onde o Tio Zezinho e meu pai tinham negócios de vaca, cavalos e bezerros. Meu pai contava que o bostinha do Eduardo(Eduardo Azeredo que viria a ser prefeito e governador de minas) pois que a chácara era do pai dele o Renato Azeredo certo dia foi escoiceado por uma mulinha e que ele levou o menino para a cidade para ser consertado e lá chegando o Doutor Vilmar veio todo solicito e perguntou para ele se era o filho do Doutor Renato quando ele confirmou que era o Doutor então disse “Pode deixar ele aqui que depois eu mesmo levo para casa” pensou o meu pai “se fosse meu filho ele iria cobrar caro e ainda teria que esperar a hora que ele quisesse atender”.

Na noite que estava marcado para inauguração da luz elétrica causou grande sensação na cidade, ades pois que anoiteceu aconteceu aquele clarão, foi um foguetório, a noite virou dia. Bom que agora a gente podia brincar na rua até tarde.

Não sei qual foi o moleque que inventou logo depois a brincadeira de desligar os padrões de energia das casas e sair correndo, brincadeira perigosa porque caso você fosse pego levava uma surra.

Na cozinha além de um majestoso fogão a lenha tinha também uma rede pendurada onde vez e quando minha mãe me passava uma tarefa de grande responsabilidade, eu ficava horas tomando de conta da Maria do Carmo e da Marcia Maria , balançando elas na rede para que ela pudesse cuidar de outras lidas também de muita importância.

Devido talvez, sei lá entende, a algumas brincadeiras que eu práticava, tipo jogar pedras nos patrimônios alheios, colocar latinha de água acima dos muros amarradas por uma linha preta e amarradas nas berradas das calçadas para que caíssem sobre a cabeça de algum transeunte distraído. Ou de ficar horas procurando tocas e caranguejos e tentando pescá-los com cera amarrada na ponta de um barbante resolveram que estava na hora de fazer um cursinho para poder prestar vestibular para o curso primário já que já completara os 6 anos e estava na hora de começar a vida escolar.



Dona Francisquinha foi a professorinha que me ensinou o b a ba, nessa simpática igrejinha fui iniciado no fabuloso mundo das letras mais o que ficou gravado na memória desse tempo foi que um dia  a professora desatenta fez uns carinhos no pezinho de pimenta malagueta que estava sobre a mesa que ela ocupava e por descuido ou poesia resolve esfregar os seus próprios olhos, ai jesus, nesse dia a aula foi encerrada mais cedo, receitaram passar leite nosoios dela, lavar com sabão não sei o que resolveu mas no outro dia o vasinho de pimenta tinha desaparecido.

Ano seguinte 1962 iria todo sorridente fazer a matrícula no Grupo Escolar Waldomiro de Magalhães Pinto, situado na Rua Dr Argemiro Itajubá, 170 para concluir a alfabetização.

 Lembranças da Geralda que tinha um carinho enorme comigo, era considerada um pouco meio que doida e me chamava de Jambinho.

Muita coisa boa vivenciei nesse grupo mais a lembrança que sobressai é da bandinha que a minha madrinha Delourdes ensaiava para uma apresentação que eu fazia parte(a Delourdes ministrava aulas de canto), alguns membros da banda estavam desafinando e eu embarquei na onda e comecei a bagunçar o correto. A professora não gostou nem um pouco e veio furiosa e exclamou “Até você, se não quer participar não precisa” e pegou o meu triangulo e passou para outro músico.

Seria um fato sem muita repercussão não fosse que minha mãe já tinha costurado uma camisa de mangas comprida, acho que tinha até uma gravatinha borboleta para essa apresentação de galã que ocorreria no dia seguinte.

Eu cheguei em casa e não disse nada para ela, pois sabia que nem ela nem meu pai iriam prestigiar essa sinfonia e no dia seguinte veste a roupa, a Geralda apareceu e disse “Está bunito jambinho” e na hora marcada me encaminhei para o local do evento e fiquei do lado de fora esperando que acabasse quando então voltei para casa e ninguém precisou ficar sabendo do acontecido.

Vófonsina faz novas mudanças.

A Casa da vó era como se fosse a central globo de jornalismo, todo dia reunia uma meia dúzia de 3 ou 4 irmãos/irmãs e era então comentadas as principais fofocas da família.

 O Tio Antônio, que já era viúvo e tinha se casado demovo resolvera que iria tentar a sorte no Paraná, lugarzinho longe demais da conta, iria em busca de uma situação melhor para a família, já tinha trabalho garantido em uma grande propriedade rural e preparado para o que iria enfrentar.

 Ouvia disser que o Severino da Tia Neném também resolvera embarcar nessa aventura e fora com a família também para o grandioso estado do Paraná em busca de riqueza.

 Ficar ouvindo as conversas era muito prazeroso para esta criança, sempre fui um bom ouvinte. Nesse interim minha mãe já estava com a família completa, o márcio já apreendera a caminhar, apesar de ter ingerido um pote de anti-sardina estava muito bem de saúde, eu seguia com sucesso os meus estudos no grupo escolar.

Algumas casas da vizinhança já tinham televisão e na hora que passava Bonança, Dom Chicote e outros seriados de aventura a gente chegava de mansinho batia na porta e “Posso assistir” era a palavra de ordem.

Pensava eu que talvez o meu pai não se sentisse muito feliz morando na casa da sogra, não tenho lembranças de participação dele nesses encontros de família visto que era somente para a família da minha mãe.

De repente comecei a ouvir algumas conversas em tom de preocupação de que as coisas não foram bem para o Severino lá no Paraná e que ele estava voltando com a família com as mãos na cabeça e precisava de um lugar para arranchar e conversa vai, conversa vem minha vó, que com razão já deveria estar querendo mais sossego, decidiu que era hora da filha Geni com a família dar lugar para a filha Neném.

 Comunicado da decisão da Vófonsina era chegada a hora de meu pai o Vico da Josina assumir o controle da família que ele tinha, acho que ele gostou muito da ideia e tratou logo de alugar uma casa para gente morar, era a casa do Tião Necleto que ficava perto do corte, em frente a casa do padrinho vigário.